Há uma diferença sútil, porém, profunda entre SER e FAZER-SE vulnerável. SOMOS vulneráveis quando, por exemplo, nascemos e vivemos numa situação social de extrema escassez. Existir em tal contexto é beijar diariamente a face da vulnerabilidade (mesmo em tais circunstâncias, somos vulneráveis, não fracos). SER vulnerável é quase sempre uma escolha das circunstâncias. O FAZER-SE, é uma decisão nossa.

FAZER-SE vulnerável é uma postura belíssima. Aqui dou a palavra vulnerabilidade um outro contorno semântico, uma significação diferente que não passa por fraqueza ou fragilidade. FAZERMO-NOS vulneráveis não nos transformará em pessoas fracas ou frágeis. Muito ao contrário!

FAZEMO-NOS vulneráveis quando construímos relações nas quais não precisamos nos proteger. É seguro baixar a guarda, sair do canto do ringue, tirar as luvas, ficar de peito aberto, deixar-se entrever, abrir mesmo o coração, dizer o que se está sentindo, tirar as máscaras e sem qualquer receio falar para nós mesmos e para os outros: fiz merda, fracassei e abraço o meu fracasso, estou mal, estou bem… e assim vamos nos fazendo  vulneráveis… de dentro para fora… pois essa vulnerabilidade da qual falo é sobretudo uma virtude interior de forte impacto exterior.

Há um poder na vulnerabilidade que é capaz de coisas “que até mesmo Deus duvida.” Clara como a luz do dia é para mim a certeza de que se mesmo sendo fortes, ao FAZERMO-NOS vulneráveis, inevitavelmente seremos pessoas mais felizes.