#49 Um desabafo: a felicidade não presta para nada!
Quando a felicidade começa a deixar de ser uma inquirição, uma busca racional e emocional, uma investigação da alma para dar sentindo à existência e se torna um produto de uma sociedade obcecada pelo capital e sucesso exterior, então essa tal felicidade não me interessa, se torna mais uma promessa superficial do nosso tempo, um Prozac que estimula mas não transforma.
Sinto-me ainda capturado pelas grandes perguntas dos antigos filósofos gregos: o que é viver bem? O que é a vida boa? O que é a vida feliz? Isso que me move e encanta na felicidade. A indagação, não o produto. Eu vejo os sinais ao meu redor dessa produtização da felicidade nos exemplos mais simples aos mais complexos. Vamos a um muito simples.
Durante um período no caminho da minha casa eu passava diante de um outdoor, desses bem grandes e iluminados, que fazia propaganda de um determinado carro. Até aí tudo bem. O que me incomodava era uma frase que aparecia de maneira central: este carro vai mudar sua história. Um carro vai mudar minha vida? Sério? Para usar a irreverência carioca, tu só pode tá de sacanagem!
Sabe o que mudou minha história? Quando a enfermeira trouxe nosso filho e o colocou nos meus braços. Olhei para a Márcia e sabíamos que ali nossa vida ganhava mais um capítulo transformador. Se a felicidade deixa de ser uma busca e se torna uma comodity, só nos resta decretar sua inutilidade, pois inúteis são todos os produtos descartáveis que temos criado somente para satisfazer prazeres imediatos que não sustentam esta longa jornada chamada vida.
As coisas passam…Tetam mesmo, nos sacanear o tempo todo! kkkkk